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Depressão é coisa séria!
O transtorno depressivo maior, popularmente chamado depressão, é um dos transtornos mentais mais comuns. Estima-se que 300 milhões de pessoas sofram com este transtorno. A depressão pode atingir todas as idades e ambos os sexos. Pode atingir crianças e idosos.
Depressão é uma causa comum de incapacidade, gerando prejuízo no trabalho e atividades acadêmicas. Os sintomas podem variar em apresentação e gravidade. A maior parte dos suicídios tem como precedente um transtorno depressivo sem tratamento adequado.
Os principais sintomas de depressão são: tristeza e humor negativo na maior parte do tempo e na maior parte dos dias por pelo menos 5 dias e perda de prazer nas atividades do dia a dia. Na depressão a pessoa não sente-se mais atraída pelas coisas que gostava de fazer, não vê sentido ou se mostra desmotivada a fazer estas atividades.
Dr Sebastião Arli é médico psiquiatra e especialista em depressão e transtornos de ansiedade.
É comum sentimentos de desesperança, como se não houvesse perspectiva de que esta fase ruim possa melhorar. As pessoas relatam sensação de angústia e vontade de chorar com facilidade. Quando procuram motivos para estar se sentindo assim não encontram.
Sintomas chave da depressão: tristeza persistente e perda de prazer (anedonia).
A diferença entre tristeza normal que sentimos quando algo ruim acontece e o humor deprimido no transtorno depressivo (depressão) consiste na maior gravidade, persistência e grau de incapacidade encontrados na depressão.
Por vezes alguns pacientes sentem grande dificuldade até mesmo de sair da cama, se isolando socialmente e preferindo ficar sozinhos.
Outros sintomas de depressão mais comuns são:
- Ganho ou perda de peso;
- Insônia ou sonolência excessiva;
- Agitação ou lentidão motora;
- Cansaço persistente;
- Sentimentos de culpa ou não merecimento;
- Falta de atenção e pensamentos lentos;
- Pensamentos de morte ou ruína;
- Autoestima baixa;
- Redução do desejo sexual
Como se trata depressão?
O tratamento da depressão é imprescindível sendo as medicações antidepressivas e técnicas de psicoterapia parte importante do arsenal terapêutico.
Medicações comumente utilizadas no tratamento da depressão são: sertralina, escitalopram, desvenlafaxina, fluvoxamina, trazodona, mirtazapina, nortriptilina, bupropiona entre outros.
A resposta ao tratamento da depressão pode demorar algumas semanas, sendo essencial acompanhamento próximo do médico psiquiatra para ajustes de dose da medicação. Portanto sim, depressão tem cura.
Apesar disso, como em muitas outras doenças, existe uma pequena parcela de casos resistentes ao tratamento ou que demoram mais para melhorar, sendo necessário métodos complementares de terapia.
Um dos quadros mais graves associados a depressão são idéias de morte e suicídio. Quando isso ocorre há necessidade de atendimento urgente para reduzir os riscos.
A OMS estima que mais de 700.000 pessoas morrem por suicídio a cada ano. É a quarta maior causa de mortes entre jovens de 15 a 29 anos de idade.
Depressão pode ser uma doença grave. Por vezes quem sofre de depressão tem seus sintomas desvalorizados sendo chamados de pessoas com “frescura”, que estão assim por não ter uma prática religiosa ou porque se deixam ficar assim.
Devemos encorajar os pacientes a procurar ajuda mostrando que existe tratamento e perspectiva de melhora.
Porque a depressão surge? Qual a causa da depressão?
Existe toda uma base biológica por trás da depressão. O humor é uma função cognitiva mantida por áreas específicas do córtex cerebral. Quando há um mal funcionamento destas áreas, surgem os transtornos de humor.
As medicações modulam o funcionamento desta áreas aumentando a eficiência de neurotransmissores como serotonina, dopamina e noradrenalina.
Outras doenças como deficiência de vitaminas, alterações hormonais e anemia também podem induzir sintomas depressivos, sendo importante avaliar a saúde física em todos os casos de depressão.
Procurar ajuda do psiquiatra reduz o tempo de doença e risco de piora ao longo do tempo. Não deixe de se cuidar. Depressão tem cura.
Depressão Pós-parto – como identificar?
Na depressão pós-parto temos o surgimento de sinais e sintomas de depressão até um ano após o parto sendo mais frequente entre a quarta e oitava semana.
Quais sinais e sintomas de depressão pós-parto:
- Tristeza e choro frequente
- Dor ou aperto no peito – palpitação
- Insônia
- Irritabilidade ou inquietação
- Perda de apetite ou compulsão alimentar
- Ansiedade excessiva – preocupação exagerada com o bebê
- Pensamentos de incapacidade de cuidar do bebê ou medo de que algo ruim aconteça
- Culpa ou inutilidade
- Perda do prazer nas atividades do dia a dia.
Porque depressão pós-parto surge? Qual a causa da depressão pós-parto?
Os hormônios estão intimamente ligados na modulação do nosso humor, tanto quanto os neurotransmissores no nosso córtex cerebral. No pós parto, há uma queda abrupta dos níveis hormonais que até então estavam sendo produzidos pela placenta.
Esta queda abrupta dos níveis hormonais causa mudanças de humor até mesmo em mulheres que não vão desenvolver depressão pós-parto. Este fenômeno é chamado de baby blues ou blues gravídico.
O baby blues é diferente da depressão pós-parto, tendo seu tempo de duração limitado além de sinais e sintomas amenos. O baby blues tende a se resolver de forma natural ao longo do tempo. Na depressão pós-parto os sintomas são persistentes e tem um impacto importante na vida da mulher.
Depressão em idosos
A depressão, transtorno depressivo em idosos pode ter manifestações diferentes dos adultos jovens. Algumas pessoas acham que o fato do idoso estar triste, isolado ou ali sempre no cantinho dele é “coisa da idade”. Mas isso não é verdade.
Com o aumento da expectativa de vida, nossos idosos estão cada vez mais ativos. Na terceira idade podemos e temos todo o direito de ser feliz, aprender, continuar fazendo o que gostamos, sentir os prazeres da vida e estar perto das pessoas que gostamos e amamos.
Os idosos tem vida sexual, sentem vontade de ter lazer, tem libido e merecem sentir prazer assim como os mais jovens.
O idoso é parte importantíssima da sociedade e todos nós seremos idosos com o passar dos anos. Envelhecer faz parte do ciclo natural da vida.
Problemas socioambientais são fatores de risco para depressão no idoso como: abandono, ociosidade, problemas limitantes de saúde e doenças crônicas, distancia da família e perda do círculo social.
Os sinais e sintomas da depressão no idoso são:
- Choro sem motivo e tristeza profunda
- Angustia e aperto no peito
- Fadiga, falta e energia e prazer nas coisas
- Insonia
- Tendência ao isolamento social
- Humor irritado persistentemente
- Aumento ou perda de apetite
O correto diagnóstico e tratamento adequado trazem de volta qualidade de vida ao idoso. É importante que familiares se atentem a mudanças de comportamento, para que se possa fazer uma avaliação, diagnóstico, propor tratamento e reverter tais sintomas o mais rápido possível.
Como tratar depressão em idoso?
Existem particularidades no tratamento da depressão no idoso. O metabolismo dos idosos é mais lento, e muitas vezes sofrem de outras doenças além de fazer uso de medicações múltiplas.
É necessário ter cuidados especiais na escolha correta das medicações antidepressivas além de ajustar a dose de forma adequada para o organismo deste idoso, acompanhando de perto sua evolução e manejando quaisquer efeitos colaterais que possam surgir.
Dr Sebastião Arli é médico psiquiatra e especialista em depressão e transtornos de ansiedade.