Transtorno do Espectro do Autismo (TEA): quando desconfiar?

O que é Transtorno do Espectro do Autismo (TEA)?

O Transtorno do Espectro do Autismo é uma condição neurobiológica que afeta a comunicação, a interação social e o comportamento de uma pessoa. 

As pessoas com TEA podem ter dificuldade em se comunicar com os outros e podem ter comportamentos repetitivos ou restritos. 

O TEA é um espectro, o que significa que os sintomas podem variar de leve a grave e podem afetar cada pessoa de maneiras diferentes.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a média é que 1 em cada 160 crianças sejam diagnosticadas com TEA. No entanto, essa taxa varia em diferentes países e regiões. 

Os Estados Unidos têm uma das maiores taxas de prevalência do TEA no mundo, com estatísticas sugerindo que 1 em cada 54 crianças é diagnosticada com o transtorno. 

No Brasil, as estimativas apontam que 1 em cada 278 crianças, embora os dados ainda sejam limitados e possam estar subestimados.

É importante destacar que a prevalência do TEA tem aumentado nos últimos anos. Isso pode ser atribuído em parte à melhoria da conscientização e ao aumento da disponibilidade de recursos de diagnóstico, em vez de um aumento real na incidência do transtorno.

Independentemente da prevalência exata em cada país, é importante reconhecer que o TEA é um problema global significativo que afeta muitas pessoas e suas famílias. Mais pesquisas e recursos são necessários para entender melhor a condição e fornecer suporte eficaz e recursos para aqueles que são afetados pelo transtorno.

foto dra caroline romão

O psiquiatra Infantil é o médico especialista no comportamento e no desenvolvimento psicomotor das crianças e por isso está habilitado para tratar do autismo em crianças e adultos.

A Dra Caroline Romão, é formada em Psiquiatria Infantil pelo Hospital das Clínicas de Minas Gerais e possui Pós-Graduação em Terapia Cognitivo Comportamental.

Quais são os sintomas e características comuns do TEA?

O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é caracterizado por um conjunto de sintomas que afetam a comunicação, o comportamento social e o comportamento repetitivo ou restrito. 

Algumas das características comuns do TEA incluem:

  1. Dificuldades na comunicação: as pessoas com TEA podem ter dificuldades para iniciar e manter conversas, interpretar o significado de gestos e expressões faciais, e entender o humor e o sarcasmo.
  2. Dificuldades no comportamento social: as pessoas com TEA podem ter dificuldades para estabelecer amizades e interagir com outras pessoas. Eles podem evitar o contato visual, não compartilhar interesses ou emoções com outras pessoas, e não entender as regras sociais comuns.
  3. Comportamentos repetitivos e restritos: as pessoas com TEA podem ter comportamentos repetitivos e restritos, como seguir rotinas rigorosas, ser muito sensíveis a determinados sons, luzes ou texturas, ou ter interesses obsessivos em assuntos específicos.
  4. Atraso no desenvolvimento: em alguns casos, as pessoas com TEA podem apresentar atrasos no desenvolvimento, como atraso na fala ou no desenvolvimento motor.
  5. Aumento ou Diminuição da Resposta Sensorial: muitas pessoas com TEA são hipersensíveis ou hipossensíveis a estímulos sensoriais, o que significa que podem ser muito sensíveis ou pouco sensíveis a sons, texturas, sabores, cheiros, luzes, entre outros.
  6. Dificuldades na tomada de decisões e planejamento: as pessoas com TEA podem ter dificuldades em planejar e tomar decisões, o que pode afetar sua capacidade de realizar tarefas diárias.
autista sensível ao barulho

É importante lembrar que o TEA é uma condição que se manifesta de forma diferente em cada pessoa, e que nem todas as pessoas com TEA apresentam todas essas características. 

Além disso, a intensidade dos sintomas pode variar amplamente, de leve a grave.

Por isso, é fundamental buscar a avaliação e o diagnóstico de um profissional especializado no assunto para entender melhor os sintomas e características do TEA em cada caso individualmente.

Como é feito o diagnóstico do Transtorno do Espectro do Autismo (TEA)?

O diagnóstico do TEA é baseado na observação dos sintomas e comportamentos da pessoa, além de uma avaliação completa de seu desenvolvimento, histórico médico e familiar. 

O diagnóstico é geralmente realizado por um profissional de saúde mental, como um psiquiatra, neurologista ou psicólogo, que tenha experiência no diagnóstico e tratamento de TEA.

O psiquiatra Infantil é o médico especialista no comportamento e no desenvolvimento psicomotor das crianças e por isso é especialista em tratar do autismo em crianças e também em adultos.

A Dra Caroline Romão, é formada em Psiquiatria Infantil pelo Hospital das Clínicas de Minas Gerais e possui Pós-Graduação em Terapia Cognitivo Comportamental.

O processo de diagnóstico geralmente envolve os seguintes passos:

  • Entrevista clínica: o profissional de saúde mental entrevista a pessoa com suspeita de TEA, assim como seus familiares e outras pessoas próximas, para coletar informações sobre seu desenvolvimento, comportamento e sintomas.
  • Observação clínica: o profissional de saúde mental observa a pessoa em diferentes contextos e situações, para avaliar seu comportamento social, comunicação, interesses e comportamentos repetitivos.
  • Testes e avaliações: o profissional de saúde mental pode utilizar testes e avaliações padronizados para avaliar o desenvolvimento e o comportamento da pessoa. Alguns exemplos de testes comuns incluem a Escala de Avaliação de Autismo (ADOS) e o Questionário de Comunicação Social (SCQ).
  • Exames médicos: o profissional de saúde mental pode solicitar exames médicos para descartar outras condições que possam estar causando os sintomas, como problemas auditivos ou neurológicos.

O diagnóstico de TEA pode ser desafiador, pois os sintomas podem variar amplamente entre as pessoas e podem ser semelhantes aos de outras condições médicas ou psiquiátricas. 

É importante esclarecer, portanto, que não há nenhum exame ou teste que consiga realizar o diagnóstico isoladamente e pode ser necessário o contato com a criança ou adulto algumas vezes até ser possível fechar o diagnóstico. 

Parte do diagnóstico é determinar o tipo e a gravidade do TEA. Como o termo TEA, significa “espectro”, é possível avaliar o comprometimento que o transtorno causa em cada pessoa e a partir disso, determinar se o comprometimento é leve, moderado ou grave.

Causas e fatores de risco do Transtorno do Espectro do Autismo (TEA)

A causa exata do Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) ainda não é completamente compreendida, mas sabe-se que é uma condição complexa que resulta de uma combinação de fatores genéticos e ambientais. 

Alguns dos fatores de risco e causas possíveis do TEA incluem:

  • Genética: existem fortes evidências de que fatores genéticos estão envolvidos no desenvolvimento do TEA. Estudos com gêmeos sugerem que a genética pode explicar até 90% do risco de desenvolvimento do TEA. Alguns genes específicos foram identificados como possivelmente envolvidos no TEA, embora a genética do TEA seja complexa e envolva muitos genes diferentes.
  • Fatores ambientais: Alguns exemplos incluem exposição pré-natal a substâncias tóxicas, como chumbo ou mercúrio, ou a certas infecções durante a gravidez.
  • Idade dos pais: há evidências de que a idade dos pais pode ser um fator de risco para o desenvolvimento do TEA. Em particular, estudos sugerem que os pais mais velhos têm um risco ligeiramente maior de ter uma criança com TEA.
  • Problemas durante o parto: algumas complicações durante o parto, como falta de oxigênio, podem aumentar o risco de desenvolvimento do TEA.
  • Problemas de saúde mental dos pais: crianças cujos pais têm problemas de saúde mental, como depressão ou ansiedade, podem ter um risco maior de desenvolver TEA.
  • Disfunções cerebrais: estudos mostram que há diferenças no funcionamento cerebral entre pessoas com TEA e pessoas sem o transtorno. No entanto, ainda é difícil saber se essas diferenças são uma causa ou um efeito do TEA.

É importante notar que nenhum fator isolado pode explicar completamente o desenvolvimento do TEA. 

O transtorno é complexo e multifatorial, e a interação de vários fatores genéticos e ambientais provavelmente contribui para o risco de desenvolvimento do TEA.

Como é feito o tratamento para o TEA?

Não há cura para o Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), mas existem várias opções de tratamento que podem ajudar as pessoas com TEA a melhorar suas habilidades de comunicação e interação social, além de reduzir os comportamentos repetitivos ou restritivos. 

O tratamento para TEA geralmente envolve uma abordagem de equipe, com médicos, terapeutas e educadores trabalhando juntos para criar um plano de tratamento individualizado.

Aqui estão algumas opções de tratamento comuns para pessoas com TEA:

  • Terapia comportamental: existem várias terapias comportamentais, incluindo ABA (Análise do Comportamento Aplicada), TEACCH (Tratamento e Educação de Crianças Autistas e com Comportamentos Relacionados à Comunicação) e Denver Model, entre outras. Essas terapias se concentram em ensinar habilidades sociais, de comunicação e comportamentais, usando técnicas como reforço positivo e modelagem.
  • Terapia ocupacional: terapeutas ocupacionais podem ajudar as pessoas com TEA a desenvolver habilidades de coordenação motora fina, habilidades de vida diária, como se vestir e comer, e a melhorar a capacidade de atenção e concentração.
  • Fonoaudiologia: fonoaudiólogos podem ajudar as pessoas com TEA a melhorar suas habilidades de comunicação, incluindo a fala, a linguagem, a compreensão auditiva e a leitura.
  • Terapia psicológica: terapia cognitivo-comportamental (TCC) e outras formas de terapia psicológica podem ajudar as pessoas com TEA a lidar com a ansiedade, o estresse e outros problemas emocionais que podem acompanhar o diagnóstico de TEA.
  • Medicamentos: não há medicamentos que possam curar o TEA, mas existem medicamentos que podem ser úteis para tratar sintomas relacionados, como hiperatividade, problemas de sono, agressividade, ansiedade e depressão. No entanto, a prescrição de medicamentos deve ser feita com cuidado, levando em consideração os riscos e benefícios.
  • Intervenção educacional: muitas crianças com TEA se beneficiam de intervenções educacionais especializadas, como aulas de habilidades sociais, atividades em grupo e programas de educação especial.

É importante lembrar que cada pessoa com TEA é única, e o tratamento deve ser individualizado e adaptado às necessidades específicas de cada pessoa.

A escolha de tratamentos deve ser baseada em uma avaliação completa e uma discussão cuidadosa entre os profissionais de saúde, a pessoa com TEA e seus cuidadores.

Foto Dra Caroline Romão

O psiquiatra Infantil é o médico especialista no comportamento e no desenvolvimento psicomotor das crianças e por isso está habilitado para tratar do autismo em crianças e adultos.

A Dra Caroline Romão, é formada em Psiquiatria Infantil pelo Hospital das Clínicas de Minas Gerais e possui Pós-Graduação em Terapia Cognitivo Comportamental.

Como a família de uma pessoa com TEA pode lidar com os desafios diários?

Para a família de uma pessoa com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), lidar com os desafios diários pode ser desafiador. Aqui estão algumas dicas que podem ajudar:

como ajudar/lidar com autismo
  1. Aprenda sobre o TEA: quanto mais você souber sobre o TEA e as necessidades da pessoa com TEA, melhor preparado você estará para lidar com os desafios diários. Converse com profissionais de saúde, participe de grupos de apoio e leia livros e artigos sobre o assunto.
  2. Crie rotinas e estrutura: as pessoas com TEA tendem a se beneficiar de rotinas e estruturas claras, que podem ajudá-las a se sentir mais seguras e confortáveis. Tente criar uma rotina diária consistente, com horários regulares para atividades como refeições, sono e terapia.
  3. Comunique-se de forma clara e direta: as pessoas com TEA podem ter dificuldade em compreender nuances de linguagem e tom de voz, por isso é importante falar de forma clara e direta. Use frases curtas e simples e tente evitar metáforas e sarcasmo.
  4. Seja paciente e flexível: as pessoas com TEA podem levar mais tempo para compreender instruções e para completar tarefas. Seja paciente e tente não se frustrar com o ritmo mais lento. Ao mesmo tempo, tente ser flexível e se adaptar às necessidades e preferências da pessoa com TEA.
  5. Aproveite atividades divertidas e relaxantes: cuidar de uma pessoa com TEA pode ser estressante, por isso é importante reservar um tempo para atividades divertidas e relaxantes. Tente encontrar atividades que a pessoa com TEA goste e que também sejam relaxantes para você, como caminhadas, jogos ou leitura.
  6. Procure apoio: é importante ter uma rede de apoio para ajudar a lidar com os desafios diários do TEA. Isso pode incluir amigos, familiares, profissionais de saúde e grupos de apoio. Não tenha medo de pedir ajuda e de buscar recursos adicionais, como terapia familiar ou suporte financeiro.

Lidar com os desafios diários do TEA pode ser desafiador, mas com paciência, apoio e conhecimento, é possível criar um ambiente positivo e acolhedor para a pessoa com TEA e para a família.

LEIA TAMBÉM:

Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade: https://mindcenter.com.br/estrategias-para-lidar-com-transtorno-de-deficit-de-atencao-e-hiperatividade-tdah/

Psiquiatria Infantil: https://mindcenter.com.br/psiquiatria-infantil/

Mitos da Psiquiatria: https://mindcenter.com.br/mitos-sobre-a-psiquiatria/

REFERÊNCIAS:

  1. American Psychiatric Association. (2013). Diagnostic and statistical manual of mental disorders (5th ed.). Arlington, VA: American Psychiatric Publishing.
  2. Centers for Disease Control and Prevention. (2021). Data and statistics on autism spectrum disorder. Retrieved from https://www.cdc.gov/ncbddd/autism/data.html
  3. National Institute of Mental Health. (2021). Autism spectrum disorder. Retrieved from https://www.nimh.nih.gov/health/topics/autism-spectrum-disorders-asd/index.shtml
  4. Autism Speaks. (2021). What is autism? Retrieved from https://www.autismspeaks.org/what-autism
  5. World Health Organization. (2018). Autism spectrum disorders. Retrieved from https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/autism-spectrum-disorders
  6. Lord, C., Petkova, E., Hus, V., Gan, W., Lu, F., Martin, D. M., … & Ousley, O. (2012). A multisite study of the clinical diagnosis of different autism spectrum disorders. Archives of General Psychiatry, 69(3), 306-313.

Compartilha nas mídias:

Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors
Categorias

Recupere a sua saúde emocional e da sua família

Últimos artigos...

Clínica Mind Center

Copyright© 2023 – Mind Center Psiquiatria
CNPJ: 41.246.601/0001-66 | Política de Privacidade
Desenvolvido por VL Mídias

plugins premium WordPress